Há algum tempo já se sabe que a sociedade é marcada pela interdependência, tanto entre os indivíduos, quando dos negócios, empresas e nações, realidade reforçada por tecnologias que potencializam estas interações, criando uma deliciosa contradição: ao mesmo tempo que desumaniza as relações, releva cada vez mais central a figura dos seres humanos nesta realidade.
O ser humano, essencialmente social, depende do relacionamento com o outro para se desenvolver, e, mesmo quando não quer se relacionar com ninguém, cria inteligências e inovações para desenvolver e desempenhar essas conexões e relacionamento, reescrevendo, com cada inovação surgida, o próprio mito da criação da humanidade.
O convívio humano, mediado por linguagem e tecnologia, pressupõe trocas e aprendizados constantes. O problema está em o que aprender e, especialmente, como “aprender a desaprender e a se reinventar”.
As tecnologias, como IA e redes sociais, ao mesmo tempo que aproximam indivíduos com interesses comuns e ampliam as interações entre diferentes visões de mundo, excluem ambientes de convívio físico e relacionamentos pessoais, tornando a ligação, o horário do cafezinho e, até mesmo, o ambiente físico de trabalho, cada vez mais raro e inusual.
Entretanto, tão reais quanto essa nova forma de interação são os conflitos trazidos por essa nova realidade, forçando que o Direito se reescreva cada vez mais rapidamente para (tentar) eliminar os atritos existentes, transformando embates em diálogos.
Mas como fazer isso tão rapidamente, se a própria capacidade humana é, em si, própria, individualmente finita e limitada?
Tão “simples” e tão complexo quanto o, talvez, mais famoso postulado físico: E=mc².
Afinal, tal e como existe, em cada átomo, um universo inteiro e a força para destruí-lo, em cada interação humana existe a capacidade de criar, minorar e maximizar conflitos, encontros e desencontros.
Se hoje podemos trabalhar de qualquer lugar do mundo, quando aprenderemos a não trabalhar todas as horas que estamos acordados? Ainda: se podemos falar com pessoas de qualquer parte do mundo, quando aprenderemos a aceitar as diferenças, seja delas ou daquele vizinho de parede do nosso apartamento?
Somos capazes de traduzir em tempo real quase qualquer língua falada no globo, mas cada vez é mais difícil compreender e interpretar uma simples notícia ou informação, sendo mais comum as desinformações e disputas se tornarem mais frequentes, não por posições diferentes, mas simplesmente por interpretações diferentes do mesmo fato.
Equilibrar razão e emoção, linguagem e tecnologia, continua sendo um desafio. Não por outra razão é que a AHO, mantendo-se fiel aos seus propósitos e princípios, não deixa de explorar o horizonte das novidades tecnológicas, investindo tanto em pessoas quanto em tecnologias, sempre buscando que estas dialoguem para aprimorar o nosso jeito de advogar, de atender, enfim, de fazer parte da vida cotidiana dos nossos clientes, amigos e parceiros.
E a cada dia, nossa responsabilidade fica ainda maior: criar ambientes positivos, tanto físicos quanto digitais, de trabalho e de convivência, de produção, desenvolvimento e inovação são essenciais e cada dia mais presentes, de forma que as escolhas individuais sejam sempre conectadas ao coletivo, e que as ferramentas tecnológicas que utilizamos reflitam nossos valores e intenções.
Exatamente por isso, ainda que já publicado um texto com essa mesma ideia há mais de ano neste mesmo blog, permanece viva e presente a flor plantada por Saint-Exupéry: “Somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos”.
À medida que nos aproximamos do final do ano, é natural refletirmos sobre o que construímos e o que queremos para o futuro. Na AHO, olhamos para esse momento como uma oportunidade de reafirmar nosso compromisso com você: investir em inovação e construir relações de confiança que nos permitam crescer juntos. Assim como aprendemos com o passado, nos preparamos para transformar desafios em novas conquistas no próximo ano!
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[1] Antoine de Saint-Exupéry
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