A jornada de trabalho de quatro dias por semana: impactos e reflexões jurídicas

Nos últimos meses, especialmente com a tramitação da PEC 8/2025, o Brasil se tornou palco de discussões acerca da possibilidade de reduzir a jornada de trabalho para quatro dias por semana.

A proposta busca alterar a Constituição Federal a fim de limitar a jornada semanal em 36 horas semanais, distribuídas em quatro dias, substituindo o modelo tradicional de cinco ou seis dias de trabalho.

Esta ideia, embora seja recente no Brasil, não é novidade para alguns países como Espanha e Nova Zelândia, que já testaram esta mudança e relataram resultados positivos, tanto para as empresas quanto para os empregados. Entretanto, apesar dos possíveis benefícios, esta transformação também traz desafios que precisam ser avaliados com cautela.

A redução da jornada de trabalho costuma estar associada ao aumento da produtividade, já que empregados mais descansados tendem a se comprometer mais e a apresentar um desempenho melhor. A título de exemplo, empresas que já adotaram este modelo relatam uma queda no absenteísmo e melhorias na eficiência operacional .

Além disso, a qualidade de vida dos trabalhadores pode ser impactada positivamente: um dia extra de descanso possibilita mais tempo para estar com a família, praticar atividades de lazer e cuidar da saúde, refletindo diretamente no bem-estar mental e físico.

Outro ponto importante é a questão da sustentabilidade e da economia de recursos. Com menos dias de expediente, o consumo de energia nas empresas tende a diminuir, assim como o fluxo de trânsito nas cidades, o que pode gerar impactos positivos, tanto para o meio ambiente quanto para os custos operacionais. No mais, com uma carga horária menor, pode surgir a necessidade de mais contratações, impulsionando a geração de empregos.

Em contrapartida, nem tudo é vantagem. A implementação desse modelo traz desafios significativos, especialmente para as empresas. Um dos principais pontos de preocupação é o aumento dos custos operacionais, pois muitas companhias podem precisar contratar mais funcionários ou pagar horas extras, para manter a produtividade. Setores essenciais, como saúde, segurança pública e transporte, também enfrentam dificuldades para adaptar suas escalas sem comprometer a prestação de serviços.

Além disso, a economia do país também pode sentir os reflexos dessa mudança, sofrendo um grande impacto. Uma redução brusca na jornada, sem um planejamento adequado, pode afetar a competitividade das empresas, especialmente aquelas que atuam em mercados internacionais e precisam manter o mesmo ritmo manter de produção dos seus concorrentes.

Diante desse cenário, a ideia de uma jornada de quatro dias por semana precisa ser analisada com cautela. É essencial considerar tanto os benefícios para os empregados quanto os desafios econômicos e estruturais para as empresas. O impacto financeiro dessa mudança deve ser amplamente estudado, pois interfere diretamente na produtividade, na geração de empregos e na sustentabilidade dos negócios.

Desse modo, antes de qualquer alteração definitiva, é necessário um debate aprofundado entre todos os setores da sociedade, a fim de encontrar um modelo equilibrado e flexível pode garantir que essa transição aconteça de forma benéfica para todos – exatamente o que está sendo discutido no Congresso Nacional com a PEC 8/2025.

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