Caros leitores, a abordagem de hoje é voltada para aqueles que assim como eu estão aprendendo a utilizar toda tecnologia, modernização e métodos inovadores em favor da prática jurídica e do profissionalismo sem perder o que nos foi passado desde os primórdios.
Como bem sabemos o Direito é uma ciência dinâmica que vem se modificando ao longo dos anos, o que antes era usual hoje pode não valer mais. Um claro exemplo são as recentes mudanças do Código de Processo Civil e as previsões de utilização de mensagens de celular, redes sociais e vídeos para produção de provas em processos.
O advogado – assim como os demais profissionais de tantas áreas – precisa mesclar os dois mundos: Direito conservador com o Direito moderno – associado às tecnologias, para ter sucesso e êxito nas suas causas/atividades.
A aplicação do direito utilizando métodos clássicos e tradicionais adicionando o direito inovador formando assim um híbrido carrega uma expressão muito utilizada pelos educadores, “método blended”, que nada mais é que uma “mistura” do clássico com o novo.
O que a tecnologia traz hoje é a integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos de mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, que se mescla, hibridiza constantemente.
Por isso a educação, o trabalho e as ferramentas que utilizamos são cada vez mais blended, misturados, híbridos, porque não acontecem só no espaço físico da sala de aula ou ambiente de trabalho, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais. O profissional precisa seguir comunicando-se face a face com seus “clientes/alunos”, mas também digitalmente, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com cada um.
Essa mescla é fundamental para abrirmos nossa mente para o mundo, e para trazer o mundo para aquilo que trabalhamos, estudamos, fazemos.
As metodologias precisam acompanhar os objetivos pretendidos, ou seja, se queremos prestar um trabalho de excelência – seja na área que for – precisamos adotar métodos criativos, envolventes, complexos, que exijam mais prática, conhecimento e proatividade.
O Brasil – não só nos cursos de Direito – vem disputando as últimas colocações no setor da educação, deixando nossas crianças e adolescentes sem muita perspectiva de um bom futuro profissional. Estamos formando uma geração de desempregados, entre esses existem mestres, doutores, formados em faculdades dos mais diversos seguimentos sem colocação no mercado.
Quando faço menção ao método blended – utilizado em algumas instituições de ensino, dentro e fora do nosso país – não estou afirmando que este, será a solução de todos nossos problemas na educação, mas, pode ser um começo, um caminho para mudança.
Ocorre que cada vez mais nossos profissionais estão acomodados, e essa cultura nasce com os primeiros passos na educação, onde aquele aluno – em formação – não foi “ensinado” a ser diferente, e por conta disso, tornou-se um profissional sem qualificação necessária, sem ânimo de conquistar/descobrir coisas novas. Temos uma geração de individualistas que querem fazer “seu horário” e ponto. A expressão “vestir a camisa” tornou-se inutilizada, o “copia e cola” de petições, trabalhos acadêmicos etc, virou rotina.
Não podemos culpar tão somente o sistema de educação as falhas na formação, a falta de oportunidade, de estrutura etc. Devemos parar, pensar e entender que muito dos problemas podem ser resolvidos e dependem única e exclusivamente de nós mesmos, da força de vontade e determinação de cada um.
Faço aqui um parêntese para os profissionais da área que tenho mais convivência/conhecimento: o Direito, por vezes, as instituições não nos preparam para a prática, o dia a dia é bem diferente dos livros. Agora cabe a nós, advogados, entendermos essa realidade, assimilar que assim como a vida, o direito é dinâmico e está sempre em constante transformação, precisamos acompanhar esse dinamismo se quisermos defender os direitos alheios com o mínimo de ética e conhecimento jurídico.
A qualidade não pode ser só um discurso, mas um compromisso efetivo de todos os profissionais. Constantemente somos cobrados para mudar, evoluir, mas sem muito tempo para nos prepararmos. Por isso é importante que cada profissional (seja ele recém-formado ou com 10, 20 anos de profissão) pare por um segundo e reveja seus métodos, isso é necessário e um tanto assustador, mas é o primeiro passo para evoluirmos e acompanharmos tantas mudanças.
Advogada sócia da Advocacia Hamilton de Oliveira e inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de São Paulo (OAB/SP) e Seção do Mato Grosso do Sul (OAB/MS).
Formada pela Faculdade Atlântico Sul – Anhanguera de Pelotas/RS e especialista em Direito Administrativo com ênfase em Controle, Gestão e Regulação pela FADERGS – Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul com extensão na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em Portugal. Sua prática tem sido dedicada à área de Condomínio Edilício.
Atuou como procuradora do município de Canguçu/RS.
Idiomas: Inglês.
