Em ano de eleição o assunto taxa de desemprego está em destaque nas notícias que são veiculadas. Será que ela realmente caiu ou existem pequenas ressalvas?

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que antes do fim do ano teremos no Brasil a menor taxa de desemprego nos últimos 15 anos, cerca de 8%, bem como destacou que foram gerados 16 milhões de empregos, sendo eles formais e informais nos últimos dois anos.

Para que seja mais palpável o entendimento acerca das porcentagens mencionadas, há que se fazer uma pequena comparação: no trimestre encerrado em julho de 2021 a taxa de desemprego era de 13,7%, sendo que no trimestre encerrado um ano depois, em julho de 2022, a taxa caiu para 9,1%. As porcentagens mencionadas foram apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É importante mencionar que a Lei 13.467, conhecida como “reforma trabalhista”, impactou e ainda impacta de forma considerável na redução da taxa de desemprego, pois houve a redução do custo de contratação pelas empresas, o que é fator decisivo para a recuperação do mercado de trabalho.

É preciso pontuar que, apesar da diminuição da taxa de desemprego, ainda há uma parte grande da população que não retornou ao mercado de trabalho após o choque inicial da COVID-19.

Alguns motivos são a perda de experiência por trabalhadores desempregados há mais tempo e as mudanças estruturais que ocorreram no mercado de trabalho no pós-pandemia.

Mas também houve um fenômeno que impactou na diminuição da taxa de desemprego, conhecido como great resignation ou renúncia em massa: após o impacto da COVID-19 foi constatado que milhões de pessoas, em diversos países, optaram por deixar voluntariamente os seus empregos, visando outros estilos de vida que gerem maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Sendo assim, como consequência temos também a queda da taxa de desemprego, ou seja, a diminuição das porcentagens mencionadas acima está atrelada também a diversos fatores sociais.

Infelizmente não podemos afirmar que a taxa de desemprego diminuiu no Brasil de forma semelhante, pois os estados da Bahia e Pernambuco estão liderando a lista de desemprego e trabalhos informais, apresentando porcentagens preocupantes.

Em Pernambuco, segundo o IBGE, a porcentagem de desemprego é de 13,6%, já na Bahia é de 15,5%.

Atualmente medidas de combate ao desemprego estão sendo estudadas pelos governos locais, mas ainda não houve grande avanço.

Apesar da diminuição da taxa de desemprego, ainda existem questões importantes que podem impactar na percepção de melhora no país.

Ocorre que a inflação ainda está em alta, ou seja, apesar da diminuição da taxa de desemprego a população ainda sofre grandes impactos.

Segundo o IBGE, em março de 2022 o Brasil registrou a maior inflação para este mês desde o lançamento do Plano Real; com isso, no acumulado dos últimos 12 meses a inflação já chegou a 11,30%, sendo este o maior valor desde outubro de 2003.

O cenário está mudando aos poucos, visto que houve deflação de 0,68% em julho de 2022, mas apesar da queda mensal ainda temos uma inflação acumulada em 12 meses de 10,07%, sendo a quarta maior taxa entre as principais economias do mundo.

A verdade é que estamos vivendo em busca de dias melhores há algum tempo, e caminhando para que a economia do país normalize.

É muito importante que a taxa de desemprego no Brasil diminua, ainda mais depois de anos tão difíceis! Mas não podemos ter um saldo positivo apenas nesta questão, ou as melhorias esperadas não serão notados no dia a dia.

Mas e aí, o saldo é positivo? Na minha opinião, apesar da queda na taxa de desemprego, a manutenção da alta na inflação deixa a melhoria equiparada com as dificuldades que ainda enfrentamos.

Ainda precisamos caminhar mais um pouco para notar verdadeiramente um saldo positivo.

E, conforme mencionado acima, existe uma grande parte da população – não só no Brasil – que optou por se desligar do mercado de trabalho, priorizando outras coisas e buscando equilíbrio com a vida pessoal.

Ainda, nesse sentido, temos outro fenômeno em alta, conhecido como quiet quitting ou demissão silenciosa, que consiste basicamente na limitação de tarefas profissionais apenas ao que foi determinado na descrição do seu trabalho – fazer o mínimo que puder, mas fazendo da melhor forma.

Sendo assim, podemos concluir que, além de tudo que foi mencionado, a mentalidade de algumas pessoas está mudando, e para quem um dia já deixou o trabalho como prioridade, há uma ressignificação (em grande parte) com relação à vida pessoal.

Fale com a AHO
1
Olá,
Envie sua mensagem que te retornaremos em breve.

Obrigado!