A vida é feita de escolhas. Por maior chavão que essa frase possa parecer, não há como negar a veracidade que representa.

Todos os dias, em todo momento, fazemos escolhas. Das mais banais às mais complexas, manifestamos nossa vontade com relação a absolutamente tudo que nos circunda. Poder-se-ia dizer que, num fenômeno de complexidade profunda e sob influências externas (meio em que estamos inseridos) e internas (humor e demais traços de personalidade), inclinamo-nos a determinada ação ou omissão, em detrimento de outras.

Apesar de se tratar de uma concepção individual, quase toda escolha implica, invariavelmente, em alguma consequência, que, por sua vez, de alguma maneira, atinge outra pessoa, particular ou coletivamente.

A vida em sociedade tem sido assim, recorrentemente, e sempre será, ao menos enquanto as relações pessoais subsistirem tal como nos dias de hoje.

Dessa forma, para conter o caos e manter a sociedade em harmonia, regras sociais foram estabelecidas, organizando os atos e respectivas consequências, sob diferentes invocações, inspirações e formatos. Uma escolha de um indivíduo que gerasse uma consequência não aceita por determinada sociedade, deveria ser apta a sofrer sanção, censura ou castigo.

Ainda assim, há, às pessoas, a liberdade de escolha. Num exemplo grosseiro, temos o roubo: não se deve roubar, mas, caso alguém escolha subtrair algo de outrem usando violência, será (ou deverá ser) punido.

Temos, então, dois tipos de escolha: as que geram consequências exclusivamente no âmbito pessoal de quem as exerce e as que extrapolam o limite da pessoalidade e atingem, de alguma forma, outros e, portanto, a sociedade.

No primeiro caso, tudo o que orbita a manifestação de nossa vontade gera consequências apenas para nós mesmos, positivas ou negativas. Se praticarei atividade física, ou não, se me beneficiarei de uma alimentação saudável, ou não, se abdicarei das obrigações para viver uma vida hedonista, ou não, se ficarei sentado no sofá assistindo a vida passar, ou não, se farei algo a respeito disso ou de qualquer outra coisa, ou não, se finalmente realizarei aquele projeto que vinha reiteradamente adiando, ou não, enfim, tudo isso, qualquer que seja a escolha, trará diferentes resultados, seja a curto ou a longo prazo.

Por outro lado, no segundo tipo de escolhas, como mencionado no início, apesar de ser concebido individualmente, o seu exercício poderá atingir outras pessoas, negativa ou positivamente.

Algumas destas escolhas, ainda que não reguladas por regras sociais, podem ter impacto na vida alheia. É o caso, por exemplo, de determinadas condutas no âmbito familiar. Escolher determinada atitude ou se esconder em alguns atos omissivos, por carrear mágoa ou sentimentos negativos nos que à volta estão, pode, eventualmente, repelir aqueles que, pelo amor de outrora, deveriam se unir.

É claro que, muitas vezes, a obviedade do desdobramento da escolha que estamos prestes a tomar não é tão perceptível naquele momento, ao menos para quem está lá, no calor da situação e tendo que tomar eventual decisão. Depois de revelado o resultado, tudo fica mais claro… Mas a escolha já foi tomada, lá atrás.

O mesmo acontece com as escolhas que, de alguma forma, são reguladas socialmente, seja por normas jurídicas, religiosas ou morais.

Por vezes, ainda que se saiba que determinada atitude é socialmente reprovada, a escolha em seguir por este caminho acontece. O exemplo icônico dado anteriormente foi o roubo, mas as hipóteses são inúmeras e, às vezes, estão mais próximas do que imaginamos.

Em contrapartida, situações extremas podem nos deixar sem escolha ou comprometer nossa capacidade de escolher, de tal maneira que não nos damos conta dos possíveis nefastos efeitos que, de nossa opção, possam irradiar. Nestes casos, eventuais responsabilidade sobre tais consequências, apesar de reais, podem ser até relativizadas, reduzidas ou, até, desconsideradas.

E, naquelas que acabam por envolver outros, entre as escolhas que permeiam aspectos puramente emocionais e as que são expressa e notoriamente reprováveis, existem tantas outras que, justamente pelos danos que podem causar às pessoas ou à sociedade, culminam em potenciais responsabilizações por seus respectivos sujeitos.

Escolher por não cuidar de sua piscina, por exemplo, deixando a água sem tratamento adequado, dentre outras consequências, pode acabar tornando-a em criadouro de mosquito que, bem sabemos, transmite grave doença. E o mosquito, infelizmente, transcendendo os limites de sua incubadora, cuidará de espalhar a enfermidade por toda a vizinhança. Uma escolha inocente, uma consequência grave.

De igual forma, escolher pela omissão na manutenção de seu veículo automotor, outro exemplo, mais do que mera pane em um dia qualquer, pode causar um acidente, uma tragédia por mau funcionamento.

Seguir as orientações e protocolos sanitários, bem como usar adequadamente máscara facial, durante a atual pandemia e diante de incontáveis perdas de tantas vidas queridas, são escolhas e, por isso, podem, ou não, ser abraçadas por todos. Independentemente de suas crenças, escolher por caminho diverso pode, numa eventual fatalidade, custar mais do que seu sossego.

Enfim, a liberdade de escolha é uma das maiores maravilhas do mundo contemporâneo. Um poder sem igual! Necessário se faz, todavia, usá-lo com sabedoria e com muita ponderação. Deixar essa análise para depois pode ser tarde demais!…

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